Por André Aloísio
“A palavra dita a seu tempo, quão boa é!” (Pv 15.23).
Esse provérbio é tão simples que
parece nem exigir uma explicação. Mas mesmo com toda a sua
simplicidade, quão frequentemente ele tem sido negligenciado em nossa
prática, como se nem mesmo o conhecêssemos! Parece que nos esquecemos de
que “tudo tem o seu tempo determinado” (Ec 3.1), inclusive “tempo de
estar calado e tempo de falar” (Ec 3.7).
Às vezes falamos antes da hora.
Não conhecemos alguém o suficiente, mas nos precipitamos em dirigir-lhe
palavras românticas e sedutoras, iludindo seu coração e provocando
sentimentos que não poderão ser correspondidos.
Às vezes falamos depois da hora.
Não exortamos ou repreendemos nossos filhos desde sua tenra idade, mas
deixamos para fazer isso na adolescência, quando a rebeldia já tomou
conta de seus corações.
Às vezes falamos quando
deveríamos estar calados. Um amigo perde de forma trágica um ente
querido incrédulo, e tudo o que ele precisa é de alguém que o abrace e
que chore com ele, mas nos apressamos em apresentar o destino eterno do
falecido.
Às vezes ficamos calados quando
deveríamos falar. Somos testemunhas do espancamento diário de uma
vizinha pelo seu marido, mas preferimos não nos envolver e não
denunciar.
A verdade é que dizer a palavra
certa no momento certo não é algo fácil. “A língua, nenhum dos homens é
capaz de domar” (Tg 3.8), já dizia Tiago. Mas essa dificuldade não é
insuperável. Diz-nos outro provérbio que “o coração do sábio é mestre de
sua boca” (Pv 16.23), o que nos mostra que um coração sábio pode domar a
língua para falar no tempo apropriado. E àqueles que têm falta de
sabedoria para tanto, Tiago incentiva: “Se, porém, algum de vós
necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e
nada lhes impropera; e ser-lhe-á concedida” (Tg 1.5).
Nós precisamos viver esse
provérbio. Precisamos entender a seriedade das nossas palavras e a
importância de palavras apropriadas nas ocasiões apropriadas. Palavras
mal utilizadas podem trazer morte, mas palavras a seu tempo, vida (Pv
18.21). Que nós saibamos dizer a palavra a seu tempo, “palavras
agradáveis como favo de mel: doces para a alma e medicina para o corpo”
(Pv 16.24).
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Fonte: Teologia e Vida
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